A unificação total só veio a acontecer em 1984. O que ficou definitivamente sacramentado na Constituição Federal de 1988, que define, em seu artigo 7º, dentro do capítulo dos Direitos Sociais, 

03/03/2022

O salário mínimo foi criado e adotado inicialmente no século XIX, na Austrália e na Nova Zelândia. No Brasil, surgiu no século XX, na década de 30. Foi criado pela Lei nº 185, de janeiro de 1936, e regulamentado pelo Decreto Lei nº 399, de abril de 1938.

No dia 1º de Maio de 1940, o então presidente Getúlio Vargas fixou, por meio do Decreto-Lei nº 2162, os valores que começaram a vigorar em 8 de julho do mesmo ano. Naquela época, existiam 14 salários mínimos diferentes, sendo que na capital do país, então Rio de Janeiro, o valor correspondia a quase três vezes o do Nordeste.

A unificação total só veio a acontecer em 1984. O que ficou definitivamente sacramentado na Constituição Federal de 1988, que define, em seu artigo 7º, dentro do capítulo dos Direitos Sociais, que o salário mínimo deve cobrir todas as necessidades do trabalhador e de sua família, ser unificado em todo o território nacional e reajustado periodicamente para garantir seu poder aquisitivo.

Política de valorização é uma conquista dos trabalhadores - A história, contudo, mostra que nem sempre o poder aquisitivo do salário mínimo foi garantido, tampouco ampliado. Essa foi a motivação para, em 2004, as Centrais Sindicais, através de movimento unitário, lançarem a campanha pela valorização do salário mínimo.

Foram realizadas três marchas conjuntas em Brasília, reunindo dezenas de milhares de trabalhadores com o objetivo de pressionar os poderes Executivo e Legislativo sobre a importância social e econômica da proposta. Como resultado, além dos aumentos reais do salário mínimo, foi acordada, em 2007, uma política permanente de valorização do salário mínimo até 2023.

Essa política tem como critérios o repasse da inflação do período entre as correções e o aumento real pela variação do PIB. Estava também prevista a antecipação, a cada ano, da data-base de revisão, até ser fixada no mês de janeiro, o que aconteceu em 2010.

Para calcular o valor do salário mínimo de 2022, o governo utilizou uma previsão de 10,02% para a inflação de 2021 medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice usado para corrigir o salário mínimo, entre outros.

"Neste percentual, foram considerados os valores do INPC para os meses de janeiro a novembro e as projeções do governo para o mês de dezembro. Em 2021, o salário mínimo recebido pelos trabalhadores é de R$ 1.100,00", disse o Ministério da Previdência e Trabalho em nota divulgada em 31 de dezembro.

Além disso, o governo incorporou quase R$ 2 que ficou devendo no reajuste do salário mínimo de 2020 para 2021. Com isso, fixou o salário mínimo de 2022 em R$ 1.212,00.

Porém, o INPC de 2021 fechou em 10,16%. Ou seja, o percentual de inflação usado pelo governo para corrigir o salário mínimo ficou 0,14 ponto percentual abaixo do valor oficial.

No ano passado, o salário mínimo também foi estipulado abaixo da inflação do ano anterior. O piso foi fixado em R$ 1.100 anunciado, considerando uma correção de 5,26%. Porém, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulou alta de 5,45%.

Isso significa que, para que não houvesse perda de poder de compra, o valor do salário mínimo teria de ser reajustado para R$ 1.101,95 em 2021, o que não aconteceu. A diferença foi reposta parcialmente no salário mínimo de 2022.

Já em 2020, o governo tinha fixado o salário mínimo inicialmente em R$ 1.039, um reajuste de 4,1%, também abaixo da inflação oficial medida pelo INPC na época, que foi de 4,48%. Em fevereiro de 2020, o governo editou nova medida provisória recompondo o poder de compra do trabalhador e fixando o piso em R$ 1.045.

O governo é obrigado a editar até o último dia do ano uma medida provisória contendo o valor do salário mínimo para o ano seguinte. Com isso, utiliza o valor acumulado do INPC de janeiro a novembro e um previsão para dezembro. Porém, nos últimos anos, tem errado a previsão de dezembro.